sábado, 25 de maio de 2013

Ó mar salgado, quanto do teu sal são naufrágios de Portugal


O oceano atlântico carrega em si o peso de muitas vidas perdidas, de muito homens que lutaram pela pátria, enfrentando os perigos dessa água salgada que banha este país.
Desde cedo, que foi pelo mar que Portugal se destacou, usufruindo dele para conquistar outros países mostrando ao mundo, a força e grandeza deste povo. 
Segundo o livro, "Pesca de Naufrágios" de João Pedro Vaz,  "Portugal possui um dos maiores patrimónios náuticos e arqueológicos subaquáticos a nível mundial". 
Esta é a história de David, um pescador de Vila do Conde que sobreviveu a um naufrágio, quando o navio onde seguia com mais seis pescadores, se afundou ao largo da costa de Finisterra, França. 
David, natural de Caxinas, Vila do Conde, 47 anos, foi o único sobrevivente deste naufrágio, que levou consigo a vida a três Franceses e três portugueses.
A pesca é já uma velha tradição na família de David, à exceção dos seus dois filhos, que escolheram ter formação e trabalhar noutras áreas. Mas toda esta tradição, parece não pertencer apenas à família de David, mas também à população de Caxinas, que segundo a esposa, Ana Luísa  "o mar faz parte da vida das pessoas que vivem nesta terra, não há nada a fazer contra isso. Estas pessoas vivem para o mar e vivem do mar".
7 de Janeiro de 2008: Era apenas mais um dia de trabalho, em que David ia pescar ao largo de Finisterra na costa francesa, numa faina que duraria dois meses. Mas esse dia foi diferente; assim que a madruga escura caiu sobre o navio em que seguiam, algo correu mal e a embarcação francesa "Petit Jolie" começou a afundar. David viu-se obrigado a lutar contra a forte ondulação, a água gelada e a noite cerrada, que não permitia uma correta visualização do que se passava à sua volta. O navio afundou-se em poucos minutos e David continuava sem respostas, sem maneira de fugir daquela situação, sem saber como estariam os seus colegas e sem grandes esperanças de sair do mar com vida. 
David apenas conseguia pensar na sua família  nos colegas e numa maneira de sobreviver, mas parecia impossível  Até que ao fim de quatro horas à deriva, David ouviu, no meio do som das ondas do mar, o ruído de um helicóptero. Foi resgatado e encaminhado para um hospital de Brest, França mas saio pouco tempo depois. 
Assim que chegou a Portugal, ainda bastante transtornado e sem expressão facial, David, após abraçar a sua mãe, pai, amigos e filhos, apenas perguntava pela sua esposa, que havia desmaiado uns minutos antes, com a emoção do regresso do marido a casa são e salvo. Esta história teve um final feliz para este homem que pôde voltar a ver a sua família  mas muitos outros, em todo o mundo, têm sido deixados à mercê do mar, sem que nada se possa fazer.
Como comentário final, fica o testemunho de quem já enfrentou esse mar salgado e sobreviveu: 
"Se as águas do mar falassem, teriam muitas mágoas e dramas para contar - Tantas foram as lágrimas derramadas, tantas as aflições sofridas! Vivi essa experiência. Felizmente sobrevivi. Mas sei o quão doloroso é o sofrimento de um homem ver-se perdido sobre a imensidade do mar."


Rita Roque

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