quinta-feira, 14 de março de 2013

Memória desportiva: o dia em que o futebol não foi uma festa

O ano é 2001, o dia é 14 de novembro. Após a assegurar a qualificação para o campeonato do mundo de futebol de 2002, no Japão e na Coreia do Sul, Portugal enfrenta um encontro de cariz particular com um país amigo. Angola veio a Alvalade munida de jogadores que, na sua maioria, actuavam em Portugal. Covocatória intencional por parte de Mário Calado, selecionador do país africano.

Nas bancadas, a maioria dos adeptos eram angolanos. O ambiente era de festa. Logo no primeiro minuto de jogo, um golo de Pedro Mantorras para os visitantes. E, ao minuto 12, Asha, dos Palancas Negras, é expulso por acumulação de amarelos. A meio da primeira parte é marcado um penalti duvidoso sobre Pauleta, que Figo converte. E aí as coisas começaram a aquecer.

Minutos depois a segunda expulsão para Angola: Franklin, do Belenses. Nuno Gomes e Jorge Andrade marcam para Portugal e o jogo vai para intervalo com 3-1, mas a festa já estava estragada pelos cartões vermelhos.

O público vai abandonando o estádio e os ânimos exaltam-se. A polícia é chamada a intervir. Boa Morte faz o quarto golo no início do segundo tempo, logo a seguir Neto é expulso de campo. Por indicação técnica, um jogador angolano deita-se no chão e o árbitro apita para o final da partida. Os pupilos de António Oliveira vencem de forma amarga: pela inferioridade numérica do adversário.

Cinco anos depois, as duas seleções haveriam de voltar a encontrar-se no Mundial da Alemanha. Para Portugal, treinado pelo brasileiro Scolari, foi o jogo inaugural de uma campanha que só terminaria nas meias finais. Vitória dos portugueses, por um a zero. Mas, desta vez, no final do jogo houve abraços, trocas de camisolas e palavras de incentivo. E todas, claro está, em português.





Ricardo Costa

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